Diferença Entre SFH e SFI: Entenda os Dois Principais Sistemas de Financiamento Imobiliário e Qual Escolher

Ao iniciar o processo de compra de um imóvel, uma das primeiras decisões envolve escolher em qual sistema o financiamento será enquadrado: o SFH (Sistema Financeiro da Habitação) ou o SFI (Sistema Financeiro Imobiliário).

Esses dois modelos regem praticamente todas as operações de crédito imobiliário no Brasil.
Ambos têm finalidades semelhantes — viabilizar o acesso à moradia —, mas seguem regras diferentes quanto a taxas, limites e fontes de recursos.

Saber a diferença entre eles é essencial para entender as propostas que os bancos apresentam e fazer uma escolha financeiramente inteligente.

Neste artigo, você vai descobrir como funcionam o SFH e o SFI, quais são suas principais características, vantagens, limitações e qual pode ser mais adequado ao seu perfil.


O que é o SFH (Sistema Financeiro da Habitação)

Criado em 1964, o SFH foi instituído pelo governo federal com o objetivo de facilitar o acesso à casa própria para famílias de renda média e baixa.

Ele é regulamentado pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e utiliza como principal fonte de recursos o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Ou seja, parte do dinheiro aplicado pelos brasileiros em poupança e parte dos depósitos de FGTS são direcionados a esse fundo, que serve para financiar moradias dentro de regras específicas.


Regras e características do SFH

O SFH segue regras padronizadas, que delimitam o tipo de imóvel, o valor máximo e as condições do contrato.
Entre as principais características estão:

  • Valor máximo do imóvel: até o limite definido anualmente pelo Conselho Monetário Nacional (em 2025, cerca de R$ 1,5 milhão).
  • Percentual máximo financiado: até 80% do valor do imóvel (em alguns casos, até 90%).
  • Taxa de juros máxima: limitada a 12% ao ano.
  • Possibilidade de uso do FGTS: permitida para entrada, amortização ou quitação.
  • Prazo de pagamento: até 35 anos.
  • Finalidade: apenas para imóveis residenciais.

O SFH é voltado principalmente para compra da primeira moradia, sendo o modelo mais utilizado no país.


Quem pode utilizar o SFH

O SFH é indicado para quem:

  • pretende comprar o primeiro imóvel;
  • tem renda estável e dentro dos limites aceitos pelo banco;
  • deseja usar o FGTS como parte do pagamento;
  • e busca juros mais baixos e previsibilidade no longo prazo.

Bancos públicos (como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) são os principais operadores do SFH, mas instituições privadas também oferecem essa modalidade.


Vantagens do SFH

  1. Juros controlados por lei
    As taxas são limitadas a 12% ao ano, o que protege o consumidor de aumentos abusivos.
  2. Uso do FGTS
    Permite utilizar o saldo do FGTS para compor entrada, reduzir parcelas ou quitar o saldo devedor.
  3. Prazo longo
    Pode chegar a 35 anos, com parcelas menores e melhor adequação ao orçamento.
  4. Foco em moradia própria
    O SFH foi criado para atender famílias, não especulação imobiliária, o que o torna socialmente mais acessível.

Limitações do SFH

Apesar das vantagens, o SFH tem algumas restrições:

  • Valor máximo do imóvel limitado.
  • Taxa de juros controlada, mas sem flexibilidade.
  • Uso restrito a imóveis residenciais.
  • Análise de crédito mais rigorosa, especialmente em bancos públicos.

Para quem busca imóveis de valor mais alto ou quer negociar condições fora do padrão, o SFI pode ser uma alternativa mais adequada.


O que é o SFI (Sistema Financeiro Imobiliário)

O SFI foi criado em 1997 para complementar o SFH, oferecendo mais liberdade de negociação entre bancos e clientes.

Enquanto o SFH é voltado a habitação popular, o SFI atende imóveis de maior valor e perfis de renda mais alta.
Ele é utilizado principalmente por bancos privados e incorpora práticas de mercado mais flexíveis.


Regras e características do SFI

O SFI é regido por normas do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, mas não possui os mesmos limites rígidos do SFH.

Suas principais características são:

  • Sem valor máximo de imóvel: o financiamento pode ser feito para imóveis de qualquer valor.
  • Taxas de juros livres: definidas pelo banco e pelo mercado.
  • Recursos de origem privada: não utiliza FGTS nem SBPE.
  • Maior flexibilidade contratual: condições negociadas entre as partes.
  • Prazos variáveis: geralmente entre 10 e 30 anos.
  • Possibilidade de imóveis comerciais: não se restringe a residenciais.

O SFI é o sistema mais usado em imóveis de alto padrão, empreendimentos comerciais e investidores imobiliários.


Quem pode utilizar o SFI

O SFI é indicado para quem:

  • pretende comprar imóveis acima do teto do SFH;
  • busca negociações personalizadas com bancos ou incorporadoras;
  • possui renda alta e comprovada;
  • não depende do FGTS;
  • ou quer flexibilidade nas condições financeiras.

Como as taxas não são tabeladas, clientes com bom histórico de crédito podem conseguir condições competitivas.


Vantagens do SFI

  1. Flexibilidade nas condições
    Permite ajustar prazo, juros e valor conforme a negociação com o banco.
  2. Sem limite de valor do imóvel
    Pode ser utilizado em imóveis residenciais ou comerciais de qualquer valor.
  3. Possibilidade de taxas atreladas ao mercado
    Em momentos de queda de juros, é possível conseguir contratos mais baratos.
  4. Atendimento a investidores e empresas
    É o sistema preferido para quem compra imóveis com fins comerciais ou de investimento.

Limitações do SFI

  • Não permite uso do FGTS.
  • Taxas de juros mais altas em relação ao SFH em muitos casos.
  • Maior exigência de renda e histórico de crédito.
  • Menor proteção regulatória. As condições são definidas livremente, exigindo atenção redobrada ao contrato.

Embora ofereça liberdade, o SFI requer planejamento financeiro sólido para não comprometer o orçamento.


Comparativo direto entre SFH e SFI

CaracterísticaSFHSFI
FinalidadeMoradia própriaMoradia, investimento ou uso comercial
Valor máximo do imóvelAté R$ 1,5 milhão (média 2025)Sem limite
Taxa de jurosLimitada a 12% a.a.Livre (definida pelo mercado)
Uso do FGTSPermitidoNão permitido
Fonte de recursosFGTS e PoupançaRecursos privados e mercado financeiro
Prazo máximoAté 35 anosAté 30 anos (varia)
Perfil idealFamílias de renda média/baixaCompradores de alta renda ou investidores
Instituições mais comunsBancos públicosBancos privados e financeiras
RegulamentaçãoMais rígidaMais flexível
Imóveis permitidosApenas residenciaisResidenciais e comerciais

Como saber em qual sistema seu financiamento se enquadra

A definição entre SFH e SFI não é feita pelo cliente diretamente, mas pelo banco, com base em critérios como:

  • valor do imóvel;
  • finalidade da compra (moradia ou investimento);
  • renda e perfil financeiro do comprador;
  • e fontes de recursos disponíveis no momento.

Em alguns casos, o banco pode oferecer as duas opções, permitindo que o cliente escolha conforme sua estratégia e capacidade de pagamento.


O impacto do SFH e do SFI no custo final

A principal diferença prática entre os dois sistemas está no custo total do crédito.
Como o SFH utiliza recursos subsidiados, o juro é mais baixo, mas limitado.
No SFI, o custo pode ser maior — porém, com liberdade de negociação e condições personalizadas.

Exemplo ilustrativo:

  • Imóvel de R$ 500.000 no SFH, com juros de 9% ao ano e prazo de 30 anos → custo total aproximado: R$ 1.160.000.
  • Imóvel de R$ 1.500.000 no SFI, com juros de 11% ao ano e prazo de 25 anos → custo total aproximado: R$ 3.900.000.

A diferença nos números reflete tanto o valor financiado quanto as taxas e prazos.


Quando o SFH é a melhor escolha

O SFH é ideal quando:

  • o imóvel se enquadra no limite de valor;
  • você pretende usar o FGTS;
  • quer previsibilidade de juros e parcelas;
  • e busca o primeiro imóvel para moradia.

É a opção mais segura e acessível para famílias que priorizam estabilidade financeira e longo prazo.


Quando o SFI é mais indicado

O SFI é mais vantajoso quando:

  • o imóvel ultrapassa o teto do SFH;
  • há capacidade de renda maior e perfil de investidor;
  • você busca negociar taxas diretamente com o banco;
  • ou quer financiar imóveis comerciais ou de alto padrão.

Essa modalidade também costuma ser usada por quem planeja revenda ou locação de imóveis.


Cuidados ao escolher entre SFH e SFI

  1. Simule nas duas modalidades, se possível.
    Compare o CET total e veja qual se encaixa melhor no orçamento.
  2. Analise as taxas indexadas.
    Se o contrato for atrelado à TR, IPCA ou CDI, entenda como essas variações podem afetar as parcelas.
  3. Verifique se o imóvel é elegível.
    Alguns empreendimentos só permitem enquadramento no SFI, mesmo com valores mais baixos.
  4. Atenção às condições do contrato.
    Leia cláusulas sobre portabilidade, amortização e garantias.
  5. Mantenha reserva financeira.
    Tanto no SFH quanto no SFI, atrasos podem gerar multas e até perda do imóvel.

Esses cuidados garantem uma contratação consciente e sustentável.


Dica: simular em diferentes bancos é essencial

Cada banco tem políticas próprias para SFH e SFI.
Por isso, é fundamental simular o financiamento em pelo menos três instituições — públicas e privadas.

Compare não apenas os juros, mas também:

  • custo efetivo total (CET);
  • exigência de entrada;
  • prazos;
  • seguros obrigatórios;
  • e qualidade do atendimento.

Simulações online ajudam a visualizar o impacto real no orçamento mensal e facilitam a escolha com base em dados concretos.


Conclusão

O SFH e o SFI são pilares do crédito imobiliário no Brasil, e entender suas diferenças é essencial para escolher o melhor caminho rumo ao imóvel próprio.

De forma resumida:

  • o SFH é ideal para imóveis de menor valor, voltado à moradia, com juros limitados e possibilidade de uso do FGTS;
  • o SFI oferece liberdade de negociação, sem limite de valor, e atende perfis de renda mais alta e investidores.

A decisão correta depende do seu objetivo, renda, perfil de risco e do valor do imóvel.

Mais importante que o sistema em si é garantir que o financiamento caiba no seu orçamento, seja sustentável no longo prazo e mantenha sua segurança financeira.

Com informação, comparação e planejamento, o financiamento deixa de ser um desafio e se torna um instrumento de construção de patrimônio e estabilidade.

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